quinta-feira, 23 de junho de 2016

"Tudo o que há Flora"



A solidão e a incomunicabilidade estão cada vez mais presentes no mundo contemporâneo, mesmo em tempos de internet e redes sociais. A partir dessas questões, a Nossa! Cia. de Atores, dá vida ao espetáculo "Tudo o que há Flora", que estreou semana passada aqui no RJ, e fica em cartaz por 1 mês.

A peça começou a ser idealizada há dois anos por 3 amigos atores desde os tempos em que eram do Tablado. Eles formaram em 2013 o grupo teatral Nossa! Cia de Atores.


"A ideia veio depois da leitura do conto Dora, Uma Mulher Sem Sorte, do meu avô, o jornalista Théo Drummond, em 2014. Foi ali que começamos a pensar nessas questões e na possibilidade de realizar um projeto a respeito", revela Lucas Drummond

Flora é uma dona de casa que cumpre um ritual diário enquanto espera o marido para o almoço. O que poderia ser a história de amor de um casal feliz, aos poucos revela um lado sombrio. Para contar essa história, os três pensaram em seguir uma linha tragicômica. Em um cenário despojado, com poucos elementos cênicos, entre eles 3 cadeiras e 3 buracos no chão, por onde os personagens entram e saem e que levam a um porão repleto de eletrodomésticos, Flora (Leila Savary) repete um ritual diário antes do almoço, que vai desde a meticulosa arrumação da mesa até o uso do mesmo laquê, à espera de Armando (Jorge Medina), quando dois homens (Lucas Drummond e Thiago Marinho) invadem seu apartamento. Discussões e revelações acontecem em meio à tensão gerada pela iminente chegada do marido, levando Flora a um inevitável e doloroso reencontro com o passado que ela luta, em vão, para esquecer.

"Queríamos falar sobre como as pessoas conversam, mas não se escutam e muitas vezes vivem em uma aparente normalidade que nunca existiu, tentando esconder a solidão e suas imperfeições", resume Leila Savary.

Tudo o que Há flora
foto: Paulo Henrique Costa Blanca
Luiza Prado, roteirista de duas temporadas do seriado "Vai Que Cola" (Multishow), foi convidada para escrever o roteiro: "Direcionar a experiência que tive ao escrever roteiros que exigiam uma sólida estrutura foi, de fato, um facilitador e um norte quando me deparei com as incontáveis possibilidades de explorar no universo teatral a incomunicabilidade humana e as dimensões de personagens extremamente solitários."

Sobre o elenco:

Leila Savary -
Iniciou seus estudos teatrais aos 7 anos. Em seguida, entrou para O Tablado onde estudou por 12 anos. Após um período nos EUA estudando cinema, voltou ao teatro com Daniel Herz na sua turma de atores. Formada em Rádio e TV pela UFRJ e UCSD, Leila já atuou em diversas peças de teatro - a mais recente "O Pena Carioca", fez participações em séries de TV, curtas-metragens e foi apresentadora.

Lucas Drummond -É ator e jornalista formado pela UFRJ. Iniciou seus estudos artísticos aos 11 anos, no Tablado, e aos 18 estreou profissionalmente no teatro com o musical "GYPSY", de Charles Moeller e Claudio Botelho. Desde então, participou dos espetáculos "Um Violinista no Telhado", "Xanadu" e "Shrek – O Musical". Atualmente, integra o elenco de "O Menino das Marchinhas – Braguinha para crianças", de Diego Morais.

Thiago Marinho -
Estudante do curso de Teatro da Universidade Cândido Mendes, iniciou seu envolvimento com os palcos aos 11 anos no Tablado, e participou de seu primeiro trabalho profissional: "O Dragão Verde". Entre seus últimos trabalhos estão "O Auto da Compadecida", "O Despertar da Primavera", "Beatles num Céu de Diamantes" e "Elis, A Musical".

Jorge Medina -
Gaúcho de Porto Alegre, foi integrante da Cia. Escola de Teatro. Cursou a turma da CAL - Casa de Cultura de Laranjeiras de 1998. Suas principais peças de teatro foram: "Êxtase, uma história de Romeu e Julieta" e "A Glória de Nelson e Otelo da Mangueira". No cinema atuou em "Assalto ao Banco Central".

Tudo o que Há Flora
foto: Paulo Henrique Costa Blanca
CCBB RJ – Teatro III
Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Horários: de quinta a domingo, às 19h30 (17 de junho a 24 de julho)

R$ 20,00 - inteira
R$ 10,00 - funcionários e clientes do BB, estudante, sênior acima de 60 anos, professor, PNE e usuários dos convênios Cartão Metrô recarregável, SESC, clube de assinantes O Globo, PUC e Clasp pagam meia-entrada, mediante apresentação de documento comprobatório.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

"Trono de Vidro", Sarah J. Maas (Galera Record)

Comprei o livro "Trono de Vidro", da autora Sarah J. Maas na última Bienal do Rio, mas só agora tive a oportunidade de realmente o pegar para ler. E preciso dizer a vocês que foi uma surpresa mais que agradável! Que leitura interessante e envolvente! Não houve nenhum momento em que pensei “Nossa. Isso tá parado. Não estou curtindo”. Não.

Agora, vamos ao que importa: "Trono de Vidro" é o primeiro livro da série homônima, que conta a história da assassina mais famosa de toda Adarlan, Celaena Sardothien. A jovem de apenas 18 anos caiu em uma emboscada e está cumprindo uma sentença na medonha Endovier, uma sombria e suja mina de sal. Porém, a sorte de Celaena muda ao ser presenteada com uma possível forma de evitar a morte. Caso ela aceite a proposta de Dorian Havillard, o príncipe herdeiro de Adarlan, ela irá representá-lo em uma competição onde terá que lutar com os outros 23 melhores guerreiros do reino.

O prêmio? Se Celaena ganhar, irá se tornará a campeã do rei e depois de 4 anos estará livre dos seus serviços e do seu passado. Seria uma oferta tentadora se o perverso rei que governa Adarlan, sentado em seu trono de vidro, não estivesse punindo impiedosamente os rebeldes, principalmente aqueles detentores de magia, coisa que é rara nos tempos atuais.

Ao aceitar a oferta, Celaena passa a morar no castelo sob os cuidados de Dorian e Chaol, capitão da guarda do rei. Enquanto o primeiro a provoca, o segundo a protege. O que Celaena não contava é que algo maligno e detentor de forças antigas e esquecidas vivesse no castelo, matando cada um dos competidores de formas terríveis. Quando a jovem percebe que pode ser a próxima a qualquer momento, se vê em uma batalha pela sobrevivência e a busca para desvendar a origem do mal. Antes que ele a destrua.

Camis Cunha

sábado, 11 de junho de 2016

"Casa de Bonecas"


Dica para esse final de semana: o texto clássico do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen com versão do diretor argentino Daniel Veronese, e considerado um dos mais importantes da cena teatral internacional contemporânea está em cartaz no Rio de Janeiro. 

A montagem é produzida pela Cia. Movimento Carioca de Teatro e está sendo protagonizada pelo casal de atores Miriam Freeland e Roberto Bomtempo. Também fazem parte do elenco  Anna Sant’Ana, Regina Sampaio e Leandro Baumgratz

Com uma releitura contemporânea que questiona e desafia as propostas do texto original escrito há mais de 120 anos, "Casa de Bonecas" é um drama familiar com o qual Ibsen intencionou mostrar o cotidiano de uma família burguesa da época. Porém, o autor questionou as convenções sociais do casamento e do papel da mulher na sociedade, provocando um choque no contexto social e comportamental do final do século XIX.

Na época, diante das tentativas de emancipação feminina, foi uma peça revolucionária, com grande repercussão entre feministas, causando grandes discussões em toda Europa. Houve censuras violentas lançadas contra a personagem principal, Nora, pois a época não perdoou seu abandono da casa e dos filhos.


Nessa montagem, o espetáculo ganha novo fôlego diante das atuais discussões sobre o feminismo. O diretor propõe um diálogo com o texto original, mas acentua questões para que a obra fique ainda mais provocativa e atual.

Os figurinos, a iluminação e a trilha sonora tem um ar minimalista, colocando os conflitos, os dramas e a relação familiar em destaque. Daniel Veronese aposta no encontro texto/ator/plateia, em um cenário que traz o público para “dentro da casa”, incluído nas discussões, risos, provocações, dores e emoções das personagens. 

A montagem fica em cartaz só mais esse fim de semana (até dia 12 de junho).

Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF
Av. Rio Branco, 241 – Centro (em frente metrô Cinelândia)
R$ 40,00