sábado, 30 de julho de 2016

O Musical Mamonas (Resenha)


Mais um musical pra nossa lista do ano! 2016 tá que tá! E mais uma resenha aqui no blog. Fim de semana passado fui assistir a peça O Musical Mamonas, que conta a história da banda Mamonas Assassinas (anteriormente chamada de Utopia), formada em Guarulhos em 1990. Os Mamonas fizeram um sucesso absurdo no Brasil, com seu rock "cômico", que tinha influências também do sertanejo, pagode, reggae e o vira português. A banda gravou apenas um álbum em 1995, que levava o nome do grupo. Em 1996 um acidente aéreo causou grande comoção em todo o país, ocasionando a morte de todos os integrantes dos Mamonas.

Vamos à resenha.

O início da peça, até engrenar na história mesmo, é muito lento. Encontramos os Mamonas no céu, onde são chamados pelo anjo Gabriel para contarem a sua história, mas não sabem de que forma fazer isso. Essa parte demora um tempo, que faz com que o ritmo da peça se atrase um pouco. Passado esse início, começa a história de como os integrantes se conheceram e a relação de cada um deles com a música. A partir daí, o ritmo já deu uma melhorada e o público já começa a ficar mais envolvido. 

Por se tratar de uma banda que tinha uma pegada crítica mas em forma de comédia, a peça se deixa levar pelo tom de brincadeira quase que 80% do tempo. Isso pode ser legal por fazer a peça ser divertida e engraçada, mas acho que deveriam ter tomado cuidado com o tom e quantidade. Algumas piadas pareceram um pouco forçadas, não aparentavam para mim ter um tom natural, tudo estava caricato demais. Acho que um pouco mais de leveza poderia ter tornado mais engraçado, o que não aconteceu. 


Foram feitas muitas piadas com a própria peça e com a montagem de um teatro musical, o que chega a ser engraçado. Até certo ponto. Depois cansa e perde a graça. No 1° ato foram feitas muitas piadas assim, e eu até gostei, mas no 2° ato, que geralmente é uma parte da peça de mais seriedade, clímax e fechamento, achei desnecessário. Já tinha passado o timing e o momento era outro. 

Não pensem que eu só tenho coisas ruins para falar da peça, não não não. A peça tem momentos ótimo também, e são bem positivos!

Se tem uma coisa que o teatro brasileiro (musical ou não) está fazendo de forma impecável nos últimos tempos é a caracterização dos personagens. Principalmente quando se trata de personalidades reais. Pude comprovar isso nos musicais do Tim Maia, da Cássia Eller, da Rita Lee entre outros. Você vê a banda se apresentando na sua frente, você revive aqueles momentos. O figurino, a semelhança dos atores, as vozes... Tudo nos faz voltar no tempo e ver os Mamonas Assassinas. A escolha do elenco foi primorosa e afiada. Os papeis principais são interpretados por: Ruy Brissac (Dinho), Yudi Tamashiro (Bento), Elcio Bonazzi (Samuel), Arthur Ienzura (Sérgio) e Adriano Tunes (Júlio). Destaque para Ruy Brissac, obviamente, que faz um Dinho muito real, com toda a sua energia no palco e na vida, e as mudanças na voz são idênticas. 

Um ponto foi decisivo para mim na peça, e acho que foi o que me fez gostar mais ainda da montagem (além de, claro, ouvir todas as músicas e cantar junto com os atores). Apesar de todos os elementos negativos da peça, é um espetáculo muito divertido, animado, que nos conta sobre a banda (coisas que eu não sabia antes de ver a peça) e nos envolve com as músicas. Todos sabemos o fim trágico que a banda teve, que interrompeu seu sucesso do nada. Nada melhor e mais justo do que a peça ter um final condizente. 

A peça termina de forma simples, nos poupando de reviver aquela tragédia e aquele drama que passamos em 1996. A forma com que o espetáculo termina foi perfeita, não foi sobrecarregada, e foi rápida como arrancar um band-aid para que não doa. Um grande parabéns à equipe por um final tão simples e que nos disse muito.

Quem ainda não foi ver a peça, corre, porque esse é último final de semana!

Theatro NET Rio
Rua Siqueira Campos, 143 - Copacabana
Sábado às 17h00 e 21h00
Domingo às 19h00

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