quinta-feira, 21 de julho de 2016

Tudo O Que Há Flora (Resenha)


Teatro pequeno, poucos lugares, um palco "alto" (os atores não ficam no chão chão mesmo), e somente quatro atores. É assim a peça Tudo O Que Há Flora, em cartaz até dia 24 de julho (domingo) no CCBB-RJ.

Com toda a certeza, a sinopse da peça não entrega muito, e até simplifica tudo que vai se passar no palco nos 60min de peça. Flora (Leila Savary), uma dona de casa delicada repete um ritual diário antes do almoço: desde uma meticulosa arrumação da mesa até o uso do mesmo laquê, à espera de seu marido Armando (Jorge Medina). De repente, dois homens (Thiago Marinho e Lucas Drummond) invadem seu apartamento. Muitas discussões e revelações acontecem em meio à tensão da futura chegada do marido, o que leva Flora a um reencontro com o passado, que ela luta para esquecer. 

Simples, não? Não. 


foto:  Paulo Henrique Costa Blanca
O espetáculo traz uma construção complexa e cheia de joguinhos que nos fazem tentar encaixar as coisas (eu sem muito sucesso por um bom tempo). A cada cena e diálogo a história vai se embaralhando e saindo de uma narrativa comum. O texto de Luiza Prado (roteirista - Vai Que Cola) merece destaque: ele não deixa que o espectador simplesmente assista à peça, mas faz com que o público descubra coisas novas a cada minuto. 


Peça aprovadíssima, muito interessante, e a forma com que ela trata um assunto trágico e triste de forma tão cômica é bem diferente. Só depois que saí da peça que pensei: "Nossa, que triste...", pois as partes de comédia não me deixaram ter esse sentimento na hora do espetáculo. Ao longo da peça vamos nos dando conta de que nada é o que aparece, até o clímax e desfecho, que são surpreendentes. 

Cenário e figurinos são personagens à parte que dão um toque divertido à produção, tirando (somado ao texto) o caráter sério. Muitas palmas também para o elenco, que leva o texto bem amarradinho na ponta da língua e nos mostra uma ótima integração. Uma ótima estreia para a a Nossa! Cia de Atores.

Mais sobre a peça no link abaixo:

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